Um tapinha não dói?

É comum pessoas bem-intencionadas acabar prejudicando a vida de seus animais por acreditar em conceitos radicais e sem flexibilidade. Conheço diversas pessoas que morrem de pena de punir seus cães por mau comportamento. Por isso, seus animais tornam-se mal-educados e acabam tendo de ficar trancados em canis ou do lado de fora de casa, longe de onde gostariam, junto do seu grupo. Atenção: punir não é sinônimo de bater, principalmente quando ela contribui para melhorar o bem-estar e a relação entre as pessoas e o cão.

Outra maneira radical é acreditar que é errado punir fisicamente, mas tudo bem se a punição for psicológica. Quando o animal faz algo errado, em vez de bater nele, ignorá-lo ou tirar seus mimos por horas ou dias. Não bater no cão não significa necessariamente fazer a coisa certa e se ele pudesse escolher, acredito que preferiria um tapinha a ser ignorado por longo período.

Se bater fosse a melhor ou a única maneira de estabelecer limites e educar o cão, eu seria a favor. Educação é essencial para garantir o bem-estar e o bom convívio apesar de existirem diversas técnicas para punir um cão, mais vantajosas que um tapa. Podemos, na maioria das vezes recompensar os comportamentos corretos em vez de punir os errados, motivando o cão a acertar e, exercitando nossa capacidade de perceber e recompensar as coisas certas, ao invés de focar sempre no que está errado. É a punição que faz o cão evitar determinado comportamento ao associá-lo com algo desagradável, deve ser segura, no sentido de não haver possibilidade de machucar o animal nem a pessoa e também muito clara, no intuito de educar e não de extravasar raiva.

É fácil machucar um cão quando se bate nele, é raro conseguirmos controlar nossos movimentos que provoquem apenas desconforto. Imagine uma pessoa dando uma joelhada no tórax do cão para ele parar de pular em cima dela (técnica descrita por diversos livros de comportamento). Dependendo da velocidade com a qual o cão veio para cima de você, a força do seu joelho no tórax dele pode se multiplicar e até provocar uma fratura de costela. Tapas no focinho também podem machucar, se forem fortes demais ou em região mais sensível. Muita gente bate mais forte quando está com raiva, aumentando ainda mais a possibilidade de exageros.

Algumas punições e inclusive bater podem deixar o cão mais perigoso, diversos cães reagem agressivamente ao perceber que alguém irá atacá-los com o corpo ou com um objeto. Ainda mais se antes disso a pessoa ameaçou ou olhou fixamente nos olhos, atitudes típicas de quem está revoltado ou nervoso. Ao apanhar, nem sempre o cão reage agressivamente se a agressão veio de um superior hierárquico, bater num cão pode torná-lo mais perigoso até para outras pessoas.

E vem a pergunta, o que fazer então?
Nós devemos é aprender a educar, fazer algo que o cachorro não gosta para inibir alguns comportamentos ou estabelecer limites, não devemos correr o risco de machucá-lo nem de nos machucar. As punições tem que causar apenas sustos, sempre na intensidade adequada.

Lambeijokas da Bridinha.

Fonte: Revista Cães & Cia, n. 342.

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